Astrônomos afirmaram ter descoberto um planeta com origem fora da Via Láctea, a galáxia em que está situada a Terra. Batizado HIP 13044 b, ele está a 2.300 anos-luz de distância da Terra e tem 1,25 vez o tamanho de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. Ele gira ao redor de uma estrela pouco menor que o Sol e completa uma órbita a cada 16 dias – ou seja, cada ano dura cerca de meio mês terrestre. Por estar muito perto da estrela, os astrônomos acreditam que ele seja bastante quente e talvez esteja no fim de sua vida.
A estrela que foi observada pela equipa, a HIP 13044, está a dois mil anos-luz da Terra, na constelação de Fornax. O planeta que a orbita, e que agora foi descoberto, é apenas 1,25 vezes maior do que Júpiter, o maior planeta do sistema solar.
Uma particularidade desta descoberta é que ela foi feita no âmbito de um estudo que pretende encontrar exoplanetas na órbita de estrelas já próximas do final da sua vida. É exactamente esse o caso da HIP 13044, que já passou pela fase de gigante vermelha, em que a estrela se expande, depois de ter esgotado o combustível de hidrogénio do seu núcleo. Ao expandirem-se, as gigantes vermelhas engolem os planetas mais próximos na sua órbita, o que significa que o planeta agora identificado não estava ao alcance dessa voragem. Ele é aliás um dos raros planetas conhecidos sobreviventes de um processo deste tipo, o que o torna duplamente interessante.
Nesta altura, a estrela entrou já num outro patamar do seu fim de vida: já se contraiu e está agora a queimar o hélio que lhe resta dentro do núcleo.
Para detectar o planeta, os astrónomos contabilizaram as ínfimas oscilações na luz da estrela, produzidas pela passagem do planeta na sua frente. Isso exigiu medições de grande precisão, que só se tornaram possíveis graças à utilização de um espectrógrafo de alta definição, que está instalado num dos telescópios do European Southern Observatory (ESO), em La Silla, no deserto de Atacama, no Chile. O estudo preliminar mostra que ele é um gigante gasoso, como a maioria dos descobertos até hoje.
O exoplaneta (planeta fora do Sistema Solar) foi localizado depois dos pesquisadores perceberem uma "pequena perturbação na estrela, causada pelo empuxo gravitacional de um companheiro orbital", diz o estudo. Para tal, usaram um telescópio do laboratório europeu em La Silla, no Chile, a 2.400 metros de altitude e 600 km ao norte de Santiago.
O estudo foi publicado essa semana na revista Science Express e defende a teoria de que tanto o planeta como a estrela em torno da qual ele orbita sejam parte da corrente Helmi, grupo de estrelas que sobreviveu depois de sua minigaláxia ser absorvida pela Via Láctea, há 9 milhões de anos.
O HIP 13044 b também resistiu a uma fase em que a estrela anfitriã passou por um crescimento maciço, depois de ter esgotado sua provisão de hidrogênio nuclear. Essa etapa da evolução das estrelas é denominada fase de gigante vermelha. "A descoberta é particularmente intrigante se considerarmos o futuro distante do nosso próprio sistema planetário, quando o Sol também se tornará uma gigante vermelha, dentro de 5 bilhões de anos", disse Johny Setiawan, principal pesquisador do projeto do Instituto Max Planck de Astronomia.
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